terça-feira, 8 de abril de 2008

Reino Fungi














Os fungos são um vasto grupo de organismos classificados como um Reino pertencente ao Domínio Eukaryota. Estão incluídos neste grupo organismos de dimensões consideráveis, como os cogumelos, mas também muitas formas microscópicas, como bolores e leveduras. Foram já descritas umas 70.000 espécies, mas talvez existam até 1,5 milhões de espécies, sendo que a maioria ainda está a ser identificada e descrita pelos micologistas (Hawksworth, 1991; Hawksworth et al., 1995). O Reino Fungi sofreu mudanças substanciais no arranjo dos vários filos nas últimas décadas, especialmente a partir do momento em que técnicas para comparar características bioquímicas (tais como RNA ribossômico e DNA) se foram tornando mais sofisticadas. A filogenia apresentada aqui segue a de Bruns et al. (1991, 1993) para os Eumycota (fungos verdadeiros) e reconhece quatro divisões: os Chytridiomycota, Zygomycota, Ascomycota e Basidiomycota.



Os fungos ocorrem em todos os ambientes do planeta e incluem importantes decompositores e parasitas. Fungos parasitas infectam animais, incluindo humanos, outros mamíferos, pássaros e insectos, com resultados variando de uma suave comichão à morte. Outros fungos parasitas infectam plantas, causando doenças como o apodrecimento de troncos e aumentando o risco de queda das árvores. A grande maioria das plantas vasculares têm associações simbióticas com fungos, a nível da raiz, ao que se dá o nome de micorrizas. Esta associação ajuda as raízes na absorção de água e nutrientes.

Alguns fungos, tais como: Shiitake, Porto Bello, Champignon, shimeji, Maitake e Mexican Corn Smut, são utilizados como alimento; outros são extremamente venenosos.

Estrutura

Bolor e mofo, cogumelos, leveduras: Todos estes nomes se referem ao mesmo elemento biológico: fungos. Não são bactérias como as que causam a amigdalite, nem protozoários como as amebas, nem vermes como as lombrigas; são um tipo de vida extremamente poderosa pois conseguem brotar em paredes feitas com cal, conseguem digerir óleos, conseguem crescer dentro do frigorífico, mesmo a temperaturas muito abaixo de zero. Basicamente o que precisam é de umidade, detestam ambientes secos.

Hifas no solo


Os fungos possuem um corpo vegetativo chamado talo ou soma que é composto de finos filamentos unicelulares chamados hifas. Estas hifas geralmente formam uma rede microscópica junto ao substrato (fonte de alimento), chamada micélio, por onde o alimento é absorvido. Usualmente, a parte mais conspícua de um fungo são corpos frutificantes ou esporângios (as estruturas reprodutivas que produzem os esporos).

A divisão das hifas em células é incompleta, caso em que elas são chamadas de septadas e as barreiras divisórias são chamadas septos, ou ausente, caso em que elas são chamadas asseptadas ou cenocíticas. Os Fungos geralmente possuem paredes celulares feitas com quitina e outros materiais. As hifas podem ser modificadas para produzir estruturas celulares altamente especializadas. Por exemplo, fungos que parasitam plantas possuem haustórios que perfuram as células da planta e digerem as substâncias no seu interior; alguns fungos que vivem no interior do solo capturam vermes e outros pequenos animais.

A maioria dos quitrídeos, que são geralmente considerados o grupo de fungos mais primitivos, não forma hifas e ao invés cresce diretamente de esporos em esporângios multinucleados. Alguns poucos fungos reverteram de miceliais para organização unicelular. É o caso das leveduras, que pertencem aos ascomycetes, e dos Microsporidia, um pequeno grupo de parasitas cujas relações com outros fungos são incertas.

Classificação dos Fungos

Chytridiomycota é uma divisão de fungos que compreende apenas duas classes, Chytridiomycetes e monoblepharidomycetes. O grupo é considerado o mais primitivo dentro dos fungos.

Existem cerca de 1000 espécies, a maioria aquáticas, presente em águas doces.

Sabe-se que algumas espécies poderão provocara morte de anfíbios em larga escala. O processo, no entanto, é desconhecido. A infecção é denominada quitridiomicose. O declínio das populações de anfíbios levou à descoberta desta infecção em 1998, na Austrália e no Panamá. Existem espécies que também atacam vegetais, especificamente o milho e a alfafa. A espécie Synchytrium endobioticum é um importante agente patogénico da batata.

A divisão Zygomycota, classe Zygomycetes, compreende todos os fungos que produzem zigósporo (que é um zigoto), contido em um zigosporângio de parede espessa.

Sao fungos de conjugação, filamentosos saprofíticos que apresentam hifas cenocíticas. Um exemplo é o mofo preto do pão (Rhizopus nigricans) que é esporangiospóro, situado dentro do esporângio, que ao se abrir dispersa os esporangiospóros, e esses encontrando local adequado irá germinar formando um novo fungo.

O grupo compreende cerca de 600 espécies de fungos, que se desenvolvem principalmente em material vegetal ou animal em decomposição.

Os ascomicetos são fungos da divisão Ascomycota que produzem esporos em esporângios específicos chamados ascos e é um grupo monofilético bem sucedido de cerca de 12.000 espécies. Neste grupo incluem-se quase todos os fungos que se associam com algas ou cianobactérias para formar líquenes. Este grupo engloba também a maioria dos fungos patogénicos para as plantas (deuteromicotas).

Estes fungos produzem grandes quantidades de ascos de cada vez, que estão contidos numa estrutura chamada de ascocarpo. Cada asco produz oito ascosporos (ou um múltiplo de 8), que resultam de uma mitose seguida de uma meiose. Os núcleos haplóides resultantes estão cercados por uma membranas e eventualmente por uma parede esporófita.

Muitos dos ascomicotas são constuídos por hifas, células longas e ramificadas ou filamentadas de cerca de 5 μm que, em conjunto com outras hifas formam o talo de um fungo (micélio), sendo típicamente constituidas por uma parede tubular de quitina e β-Glicanos e são dividas por septos. Estes dão estabilidade às hifas, já que evitam a possibilidade de perda de citoplasma no caso de haver algum dano ou ruptura da membrana celular. Isto permite aos ascomicotas viver em ambientes onde a secura é um factor constante. Muitas das células são perfuradas centralmente, o que permite que o citoplasma e os núcleos circulem pelas hifas. Mesmo assim muitas das hifas possuiem uma hifa por célula.

A divisão Basidiomycota é um grande taxon do reino dos fungos que engloba as espécies que produzem esporos numa estrutura em forma de bastão chamada basidium. Essencialmente o grupo irmão dos Ascomycota, contém cerca de 30 000 espécies (37% dos fungos descritos). Os Basidiomycota dividiam-se tradicionalmente em Homobasidiomycetes — os cogumelos verdadeiros — e Heterobasidiomycetes — as ferrugens. Hoje considera-se que os Basidiomycota compreendem três grandes classes: os Hymenomycotina (Hymenomycetes; cogumelos), os Ustilaginomycotina (Ustilaginomycetes; ferrugens dos cereais), e os Teliomycotina (Urediniomycetes; ferrugens).


Reprodução

Sexuada

Os Micélios dos fungos são tipicamente haplóides. Quando os micélios de diferentes sexos se encontram, eles produzem duas células esféricas multinucleadas que formam uma ponte de acasalamento. O resultado é o núcleo movendo-se de um micélio para o outro, formando um heterocário (significando diferentes núcleos). Isto é chamado plasmogamia. A fusão atual para formar núcleos diplóides é chamada cariogamia, e não deve acontecer até que os esporângios estejam formados.

No grupo Zygomycota, o heterocário produz múltiplos corpos frutificantes, na forma de minúsculos caules com esporângios no fim. A maioria dos ascomycetes produz corpos frutificantes chamados ascocarpos, compostos inteiramente de hifas. Estes são usualmente em forma de tigela ou taça, mas alguns possuem estruturas semelhantes a esponjas. Dentro das "taças", cada hifa termina em um ascus, que produz quatro ou oito esporos.

No grupo Basidiomycota, o heterocário produz um novo micélio que pode viver por anos sem formar um corpo frutificante. Os familiares cogumelos são exemplos destes. Eles geralmente possuem uma haste, composta basicamente por hifas, e um "chapéu", embaixo destes há estruturas foliáceas chamadas lamelas. Na superfície de cada lamela há numerosas células-hifas chamadas basídios, com 4 basídeosporos na extremidade externa (exogenamente). Este corpo frutificante multicelular complexo chama-se basidiocarpo sendo frequentemente aberto mas por vezes pode ser fechado.

Heterotalismo

Em alguns fungos não existe diferenciação sexual no aspecto morfológico, contudo apresentam diferenças sexuais fisiológicas dizendo-se existirem linhagens positivas e negativas. Estes fungos são designados heterotálicos. (heteros = dissemelhante). Nestes fungos a reprodução sexual só pode ocorrer entre talos com linhagens positivas e negativas.

Reprodução : os Mucor reproduzem-se tanto sexual como assexualmente. A reprodução assexual ocorre pela formação de esporos imóveis e a sexual ocorre pela conjugação de gametas similares (isogametas).

A reprodução sexual é isogâmica: envolve a conjugação de dois gametas similares. Durante a conjugação as duas hifas contendo linhas positivas e negativas ligam-se (heterotalismo). As hifas conjugadas produzem um progametângio em forma de taco que liberta a sua extremidade(chamada gametângio). Os gametângios fundem-se, a parede mediana dissolve-se e os núcleos fundem-se em pares, formando um zigoto. Este desenvolve uma parede grossa e resistente formando o zigosporo. Cada zigosporo, ao germinar, produz um promicélio que desenvolve um esporangio na sua extremidade. Quando o esporangio rompe, os esporos libertam-se e germinam produzindo novos micélios.

Na maioria dos Ascomycetes, a reprodução assexual ocorre pela formação de conídias que fazem protuberância do ápice de certas hifas especializadas as conidioforas. e.g. Penicillim

A reprodução sexual dá-se pela formação de ascosporos no interior dos ascos. Alguns ascomycetes são heterotálicos e outros são homotálicos (ligação de tipos similares). e.g. Claviceps.

A reprodução assexuada é incomum.

Assexuada

Os fungos também podem reproduzir-se assexuadamente, por exemplo através da produção de esporos chamados conídios (significando "poeira" em Grego), que se formam a partir de tipos especializados de hifas chamados conidiósporos. Em alguns fungos, a reprodução sexuada foi perdida, ou é desconhecida. Estes foram originalmente agrupados na divisão Deuteromycota, ou os Fungos imperfeitos, uma vez que o critério primário de classificação dos fungos é a reprodução sexuada, porém são agora classificados como seu grupo ancestral.

Excepto entre os chytrids, onde os esporos são propelidos por um flagelo posterior, todos os esporos fungicos são imóveis. Desenvolvem-se em novos micélios, que invadem um substrado e repetem o ciclo de vida. Estes podem tornar-se muito grandes, frequentemente atingindo metros de tamanho; os anéis de fada são um exemplo.

Reprodução parassexuada

Sistema de recombinação genética sem ocorrência de meiose. Peculiar em fungos.

A reprodução parassexuada consiste na fusão de hifas e formação de um heterocarion que contém núcleos haplóides. Apesar de ser raro, o ciclo parassexual é importante na evolução de alguns fungos.

O ciclo parassexual consiste na união ocasional de diferentes hifas monocarióticas (de indivíduos diferentes) originando uma hifa heterocariótica em que ocorre fusão nuclear e “crossing-over” mitótico. Posteriormente há a formação de aneuplóides por erros mitóticos e então o retorno ao estado haplóide por perda cromossômica. Desta forma são formadas hifas homocarióticas recombinantes. Entretanto, acredita-se que este processo não seja muito comum em condições naturais devido à existência da incompatibilidade somática que impede que hifas de micélios diferentes se anastomosem ao acaso, processo que é evolutivamente interpretado como um mecanismo de segurança e preservação do genoma original.

Nutrição e ecologia

Os fungos são heterotróficos, obtêm sua energia pela ruptura de moléculas orgânicas, e não podem sintetizar moléculas orgânicas a partir de moléculas inorgânicas como as plantas fazem. Eles alimentam-se pela secreção de exoenzimas no substrato ao redor. Estes fragmentos moleculares ou mais precisamente exoenzimas funcionam como as enzimas digestivas dos animais, rompendo moléculas orgânicas grandes, porém funcionam do lado de fora do organismo. Os fragmentos moléculares (exoenzimas) são então absorvidos pelas células fungicas.

Os fungos ocupam dois nichos ecológicos, o de decompositores ou saprófitas e o de parasitas. A única diferença entre decompositores e fungos parasitas é que este último desenvolve-se em organismos vivos, enquanto o outro, desenvolve-se em organismos mortos. Muitos fungos decompositores vivem como micorrizas, em relações simbióticas com plantas. Alguns dos fungos decompositores também são considerados "parasitas facultativos", crescendo em organismos enfraquecidos ou agonizantes. Entre os fungos parasitas existem espécies que são insectívoras ou helmintívoras (comedoras de minhocas). As espécies insectívoras produzem substâncias pegajosas que prendem insetos, enquanto os fungos helmintívoros produzem substâncias que drogam e imobilizam as minhocas, sendo então consumidas.

Alguns fungos, usualmente ascomycetes, vivem como líquens. Um líquen é uma relação simbiótica muito estreita entre um fungo e um organismo fotosintético, usualmente uma cianobactéria ou uma alga verde. Um líquen comporta-se de forma tão semelhante a um organismo único que são classificados em géneros e espécies.

Doenças causadas por fungos no homem

Na pele causam inflamações chamadas genericamente de "impingem" (Ptiríase vesicolor), e as micoses dos pés, virilha, e dobras em geral. Causam também inflamações nas unhas, tanto na base (candidíase) como na ponta (escurece e descasca). Na boca são os "sapinhos" (grumos brancos principalmente em crianças), na vagina dão o corrimento esbranquiçado. Nos órgãos internos podem crescer praticamente em qualquer lugar, desde os intestinos até às meninges, com a ressalva de acontecer isto basicamente com os imuno-deprimidos como na AIDS e no câncer.

Fungos venenosos

Há fungos tóxicos e venenosos, como por exemplo a espécie Amanita muscaria. Dependendo da quantidade que os cogumelos dessa espécie são ingeridos são capazes de causar alterações no sistema nervoso.De acordo com a espécie e quantidade ingeridos do fungo há possibilidades de causar até a morte.Há também os cogumelos alucinógenos ou seja,que causam alucinações,delírios.

Exemplos de fungos venenosos


· O Amanita muscaria é um fungo pertencente à família Amanitaceae muito conhecido pelo seu cogumelo de chapéu vermelho com manchas brancas.

· Utilizado desde tempos imemoriais como sacramento religioso, a exemplo dos xamãs siberianos e inuit (esquimós). Segundo certos historiadores, antropólogos e biólogos, era utilizado pelos druidas (sacerdotes celtas), bem como por heróis celtas, tal qual Cu Chullain. Também era encontrado entre os Berserkers, tropa de elite viking, que comia estes cogumelos antes da batalha, para entrarem num frenesi assassino. Outros vestígios históricos incluem o Rig-Veda, que menciona o preparado Soma, que alguns suspeitam ter como principal ingrediente este cogumelo.

· Tem sido utilizado por muitos artistas e, tradicionalmente, figurado nas ilustrações de histórias e contos infantis de autores famosos, principalmente de origem europeia. Nessas histórias o cogumelo é, via de regra, associado a figuras de fadas, gnomos e duendes dos bosques e florestas. Entretanto, embora de aparência inocente e aspecto apetitoso, quando ingerido pelo homem ou animais domésticos, o cogumelo é tóxico. Dependendo da quantidade ingerida é capaz de induzir alterações no sistema nervoso, levando a alteração da percepção da realidade, descoordenação motora, alucinações, crises de euforia ou depressão intensa. Espasmos musculares, movimentos compulsivos, transpiração, salivação, lacrimejamento, tontura e vômitos são também sintomas referidos na literatura.

· Esse cogumelo, originário do Hemisfério Norte, é bastante conhecido na Europa e na América do Norte. No Brasil, foi constatado pela primeira vez na região metropolitana em Curitiba - PR pelo botânico A. Cervi, da Universidade Federal do Paraná, em 1982. Nessa ocasião, a introdução desse cogumelo no Brasil foi atribuída a importação de sementes de Pinus de regiões onde ele é nativo. Os esporos do fungo teriam sido trazidos em mistura com as sementes importadas. Posteriormente, o cogumelo foi também encontrado no Rio Grande do Sul e, mais recentemente (1984) em São Paulo na região de Itararé, em associação micorrízica com Pinus pseudostrobus.

· As Amanitas são seres pertencentes ao reino Fungi, que não apresentam actividade fotossintética, obtendo os seus nutrientes através da decomposição de matéria orgânica morta. No seu ciclo de vida forma-se um fruto que contém numerosos esporos (elementos reprodutivos). Estes fungos são basidiomicetos e por isso produzem basidiósporos (esporos), que levam à formação do fruto (basidiocarpo), vulgarmente designado por cogumelo. As espécies do género Amanita mais perigosas (A. verna, A. virosa e A. phalloides) representam cerca de 90% dos casos fatais de envenenamentos por cogumelos. Mas nenhum cogumelo é mais temido do que a Amanita phalloides.

· A Amanita phalloides é uma espécie de cogumelo altamente venenosa que pode causar a morte se eventualmente consumida. A espécie é originária da Europa, mas pode também ser encontrada na Américas, Austrália e Ásia. A A. phalloides habita florestas, normalmente junto de carvalhos, nogueirasconíferas. e/ou

· A toxicidade tem origem em três tipos de toxinas presentes nesta espécie: falatoxinas, virotoxinas e amatoxinas, em particular a alfa-amanitina, que é responsável pela maioria dos danos provocados. Estas toxinas atacam o fígado e rins e provocam muitos danos, frequentemente irreversíveis, antes do aparecimento dos primeiros sintomas. O único tratamento possível na maioria dos casos é um transplante de fígado. Calcula-se que apenas 50g de Amanita phalloides sejam suficientes para provocar a morte de um ser humano adulto, e que a espécie seja responsável por 90% dos envenenamentos por cogumelos anuais.

· A maioria das mortes resulta das semelhanças notáveis da Amanita phalloides com o Volvariella volvacea, um cogumelo inofensivo, comestível e muito saboroso que é apreciado como petisco gastronómico.

Toxicocinética

Após a ingestão de cogumelos desta espécie começam a desenvolver-se sintomas que aparecem 8 a 12 horas depois. A morte pode ocorrer em 7 a 10 dias, em 10 a 15% dos doentes. Normalmente, as vítimas sucumbem por falência hepática.

A intoxicação apresenta 3 fases. Numa primeira etapa (6 a 24 horas depois da ingestão) aparecem os primeiros sintomas, que incluem náusea, vómitos, diarreia severa, febre, taquicardia, hipoglicémia, hipotensão e desequilíbrio dos electrólitos, com distúrbio ácido-base. Na segunda fase (24 a 48 horas depois) surgem os sintomas gastrintestinais e deterioração das funções hepática e renal. Na terceira fase (3 a 5 dias depois da ingestão) ocorre dano hepatocelular e falha renal, que pode evoluir para falha hepática severa em alguns casos. Surgem problemas de cardiomiopatias e coagulopatias. O dano no fígado é irreversível, sendo nos casos mais graves necessário recorrer ao transplante hepático. Nos casos fatais, a morte dá-se em 6 a 16 dias e resulta de falha hepática e/ou renal. As alterações nos sinais vitais decorrentes da intoxicação incluem choque hipovolémico durante a fase gastrintestinal e colapso cardiovascular, que pode acompanhar o dano hepático severo. Podem ocorrer alterações na coagulação. Nos doentes em coma hepático surgem situações de hipoventilação. A nível neurológico, os sinais que revelam a falha hepática incluem encefalopatia, sonolência, coma e tonturas. Os sinais de icterícia surgem 3 a 4 dias após a ingestão e são acompanhados de hepatomegalia. A função genito-urinária é muitas vezes afectada, sendo que a anúria acompanha com frequência o doente com falha hepática terminal. A nível endócrino, situações de acidose metabólica, acidose láctica, desidratação, desiquilíbrio electrolítico, hipocalémia, hiponatrémia, hipoclorémia e hipoglicémia são frequentes, sendo mais pronunciados em diferentes fases da evolução da intoxicação. Na mulher grávida, o feto pode desenvolver uma hepatite tóxica.

Comunicação do Risco

A Amanita phalloides é a espécie de cogumelos mais tóxica do mundo. Na sua constituição encontram-se imensas toxinas responsáveis por graves lesões no organismo. A ingestão inicia um processo de intoxicação, que se desenrola em 3 fases e pode culminar na falência hepática e em alguns casos morte. O perigo de intoxicação é mais elevado nas zonas geográficas de predominância do cogumelo. Nessas zonas uma vez encontrados, a sua presença deve ser publicitada para reduzir o risco de tragédias. É vital educar as comunidades para a necessidade de cuidados particulares no consumo de cogumelos. Estes devem ser adquiridos em locais credíveis e com indicação precisa da edibilidade do produto. Os problemas ocorrem, normalmente, pela confusão com outras espécies de cogumelos (comestíveis), derivada do hábito de colher cogumelos selvagens. Certos estigmas existentes na população conduzem a crenças não sustentadas. Não é verdade que as espécies de cogumelos que nascem junto às árvores sejam todas comestíveis e que os cogumelos venenosos tenham todos aspecto, cheiro ou sabor pouco apetecível. Pelo grande número de toxinas presentes, torna-se difícil a procura de um tratamento específico para as intoxicações por esta espécie. Assim, normalmente, apenas se recorre ao carvão activado e a terapia não farmacológica para resolver as intoxicações em fase inicial. Nos casos mais graves pode ser necessário recorrer a transplante hepático.

Fatos importantes

Esse reino, de mais de um milhão e meio de espécies, algumas delas microscópicas, é ainda quase desconhecido para a ciência. Mas já sabemos que entre eles há muitos que já se tornaram imprescindíveis para a saúde humana.

À primeira vista, os fungos são pouco interessantes. Mas eles contribuem de forma decisiva para a preservação da diversidade biológica do nosso planeta e estão presentes, de mil formas, no nosso cotidiano. O pão que comemos necessita de um fungo, que age como fermento biológico. Essa levedura é o Saccharomyces cerevisae, fungo unicelular, base para muitas indústrias, além da panificação.

A cerveja e todas as bebidas alcoólicas feitas a partir da fermentação também são produtos fúngicos. O mesmo fungo que produz gás carbônico na massa de pão, a Saccharomyces cerevisae, ajuda a transformar açúcar em álcool. Quando tomamos um chope ou uma cerveja, bebidas que sofreram pasteurização, células vivas de fungo, a levedura, estão contidas no líquido. Os refrigerantes também são produtos fúngicos, porque a maioria tem ácido cítrico, produzido por um fungo, o Aspergillus lividus, que é usado industrialmente. (O nome do ácido sugere que é produzido a partir de frutas cítricas, e de fato, assim era no passado. Hoje todo o ácido cítrico consumido é produzido a partir do Aspergillus lividus.)

Com relação aos tipos de alimentos que utilizam, os fungos são classificados em saprobióticos, parasitas e simbióticos. Os saprobióticos ou saprofíticos se alimentam de material morto. É o caso dos mofos e bolores e de vários fungos comestíveis, como o shitake, dos japoneses. Associados a bactérias, atuam no ambiente como reguladores naturais da população de outros organismos. Daí o seu papel para a manutenção da biosfera ter importância igual à das plantas. Sem os fungos, a vida tal qual é hoje na Terra não seria possível, pois eles são agentes da decomposição, permitindo a reciclagem de nutrientes.A importância antropológica dos fungos não se limita ao seu uso como alucinógenos. Eles são apreciados na culinária também desde épocas muito antigas. No Império Romano, a espécie de cogumelo Amanita cesariae, foi assim batizada por ter sido reservada aos césares. Outros cogumelos comestíveis eram de uso exclusivo dos nobres.

Um dos usos mais importantes dos fungos é, sem dúvida, a produção de medicamentos. A primeira e a mais famosa de todas as substâncias medicamentosas extraída dos fungos foi a penicilina, descoberta em 1929 por Alexander Fleming. A penicilina foi o primeiro antibiótico a ser produzido industrialmente. Muito do que se aprendeu na transformação das observações de Fleming numa operação de larga escala, economicamente viável, pavimentou o caminho para a produção de outros agentes quimioterápicos, à medida que foram descobertos.

Grupos relacionados e similares

Os bolores aquáticos, mostram uma organização hifal e já foram considerados fungos. Entretanto eles, e os hypochytrids estreitamente relacionados, não são atualmente correlacionados com os verdadeiros fungos pertencendo em vez disso ao grupo chamado stramenopile, junto com as algas douradas, diatomáceas, algas castanhas e outros similares. Os chytrids foram também formalmente excluídos dos fungos devido à presença de flagelos nos esporos, porém têm relações estreitas com os outros sendo geralmente tradados junto com eles.

Slime molds também foram colocados aqui, por que eles produzem corpos frutificantes, porém são agora reconhecidos como sendo diversos grupos distintos de amebóides.

Geralmente acredita-se que os fungos evoluíram do mesmo grupo dos flagelados que deram origem aos animais e coanoflagelados. Similaridades incluem as estruturas de células móveis, quando presentes, a presença comum de quitina em alguns grupos, e a presença de glicogênio como material de reserva.

Miscelânea

As sementes de muitas orquídeas requerem um fungo para germinar.

Fungos do gênero Penicillium produzem penicilina, o primeiro antibiótico conhecido pela ciência moderna. Desde então, muitas bactérias tornaram-se resistentes à penicilina, mas ela ainda é utilizada contra Streptococcus e outros organismos potencialmente perigosos.

De acordo com a sua utilidade ao ser humano, os fungos podem ser divididos em 3 grupos

  • ficomicetos
  • ascomicetos
  • basidiomicetos

Outros fungos incluem:

  • Bolores
  • Leveduras
  • Aspergillus niger (Nome científico)

O corpo frutoso é muito apreciado na culinária, e é utilizado na apuração da queijos.

Alguns fungos são usados como alucinógenos.

Os Cogumelos

Cogumelo é o nome comum dado às frutificações de alguns fungos das divisões Basidiomycota e Ascomycota.

A frutificação é a estrutura de reprodução sexuada destes organismos, tendo uma ampla variedade de formas e cores.

Muitos cogumelos são comestíveis, alguns, como Agaricus blazei, o Cogumelo do sol e Pleurotus spp. entre outros são largamente cultivados, outros, no entanto, são tóxicos, podendo, em alguns casos levar à morte. Há ainda certos cogumelos com propriedades alucinógenas, utilizados tradicionalmente por diversos povos ao redor do mundo. O mais famoso destes é o Psilocybe cubensis, no entando outras espécies de Psilocybe e mais raramente em outros gêneros, como "Campanella" tem as mesmas propridades, devido à presença de psilicona e psilocibina. Psilocybe é muito utilizado em rituais no sul do México. Outra espécie utilizada em rituais, desta vez na Sibéria é o Amanita muscaria.

Exemplos de cogumelos cultivados para alimentação: Champignon, Shiitake, Maitake, Porto Bello, Shimeji Preto, Shimeji Branco.

Cogumelos tóxicos: Amanita phalloides, Chlorophyllum rhacodes.

Shiitake

O shiitake (Lentinula edodes) é um cogumelo comestível nativo do leste da Ásia. A espécie é hoje em dia o segundo cogumelo comestível mais consumido no mundo, incorporado desde há muito nos hábitos alimentares dos povos asiáticos. Recentemente, foi introduzido para produção e consumo nos paises ocidentais.

A palavra "shiitake" tem origem no japonês shii (uma árvore parecida com carvalho) e take (cogumelo). A primeira referência histórica do consumo de shiitake data de 199 AD. No Brasil começou ser cultivado no início da década de 1990.

Na natureza, o shiitake pode ser encontrado em florestas asiáticas, onde se desenvolve em árvores mortas. É um fungo aeróbio, decompositor de madeira, que degrada celulose e lignina para obter energia.

O shiitake é nutritivo, rico em proteínas, contendo em relação à matéria seca 17,5% de proteínas, com nove aminoácidos essenciais. Tem também importância medicinal, possuindo substâncias com propriedades medicinais para o tratamento e controle de pressão arterial, redução do nível de colesterol, fortalecimento do sistema imunológico, e inibição do desenvolvimento de tumores, vírus e bactérias.

O shiitake é produzido em compostos orgânicos à base de serragem, farelo de arroz e/ou trigo e/ou soja, previamente hidratada e corrigida do ponto de vista do pH. O produto repousa durante 145 dias em local fechado e climatizado a cerca de 14°C até o aparecimento dos frutos e sua colheita. Este processo também é conhecido como cultivo axênico.

O shiitake pode ser conservado por 10 a 15 dias em refrigerador (4 °C). Geralmente, são embalados em bandejas de isopor (200g), recobertos por filme de PVC, ou em pequenas caixas de papelão.

O shiitake pode ser preparado em sopas, molhos, saladas e até empanado. Pode ser preparado de modo parecido a da carne.

Champingnon


O champignon é um cogumelo comestível da família das agaricáceas, género Agaricus ou, no sentido estrito, pertencente à espécie Agaricus bisporus ou A. bitorquis, A. campestris, entre outras.

Os cogumelos comestíveis, apreciados em muitas dietas Européias e Orientais, vêm crescendo de importância nos últimos anos, quanto à possibilidade de reciclar economicamente certos resíduos agrícolas e agro-industriais. Por outro lado, considerando o elevado conteúdo protéico dos cogumelos comestíveis, seu cultivo tem sido apontado como uma alternativa para incrementar a oferta de proteínas.

Importância nutricional

O champignon é nutritivo, rico em proteínas (2.69%), cálcio, ferro, cobre, zinco, vitamina C, folato e dezoito aminoácidos.

Como se produz

A Produção deste tipo de cogumelo é feita em composto orgânico à base de capins, bagaço de cana, palhas de arroz e/ou trigo e/ou soja e/ou milho, onde primeiramente é feita uma hidratação da mistura e a correção do pH por meio de calcário, na seqüência é feita uma compostagem para transformação da celulose e lignocelulose em proteinas e outros nutrientes que serão digeridos pelo fungo e posteriormente é feita a pasteurização do composto e a “semeadura” do fungo. Após um período de incubação do composto é colocada uma camada de turfa (terra vegetal) sobre o composto. Após outro período de incubação (da turfa) é iniciado o dito "rebaixamento" para induzir o surgimento dos corpos de frutificação. O produto fica em repouso por um período de tempo em local climatizado até o aparecimento dos corpos de frutificação e sua colheita. As condições climáticas são de suma importância em cada fase do cultivo, sendo nas fases de incubação do composto e da terra de cobertura em torno de 23 graus centigrados e 92% de umidade relativa e no período de crescimento dos cogumelos (corpos de frutificação) de 16 graus centigrados e 85% de umidade relativa do ar. É também necessária a circulação de ar para ocorrer a evapo-transpiração nos cogumelos o que é fundamental para o crescimento dos mesmos.

Como conservar o produto “in natura”

Os cogumelos podem ser conservados por 10 dias em refrigerador (4 °C) desde que não esteja lavado. Geralmente, são embalados em bandejas de isopor (250g), recobertos por filme de PVC.

Este Cogumelo in natura é muito mais sadio, pois não leva nenhum agente de branqueamento (bissulfito de sódio) e conserva muito mais o seu sabor original, pois também dispensa conservante (ácido cítrico).

Consumo

O cogumelo pode ser preparado em sopas, molhos, pizzas e saladas.

Outros tipos: Champignon, Agaricus blazei, Auricularia erinaceus, Buna shimeji, Coprinus, Flammulina velutipes, Ganoderma lucidum, Hericum erinaceus, Maitake, Nameko, Pleurotus-salmão, Pleurotus citrinopileatus, Pleurotus cystidiosus, Pleurotus djamor, Pleurotus eryngii, Pleurotus euosmus, Pleurotus tuberregium, Stropharia rugosoannulata, Shirotomagiotake, Cardoncello, Shiitake, Shimeji-branco, Shimeji-preto, Tremella fuciformis, Volvariella volvacea

A Quitina - O polissacarídeo da Parede Celular dos Fungos

Quitina é um polissacarídeo, insolúvel e córneo formado por unidades de N-acetilglicosamina (b-(1-4) 2-acetamido-2-deoxi-Dglicose) e precursor direto da quitosana. É o constituinte principal dos exosqueletos dos artrópodes, e está presente, com menor importância, em muitas outras espécies animais. É, também, o constituinte principal das paredes celulares nos fungos. No caso dos foraminíferos e outros animais, a concha ou carapaça, em geral é formada por uma primeira camada de quitina.

Foi descoberta em cogumelos pelo professor francês Henri Braconnot, em 1811, recebendo então a denominação inicial de fungina. O nome quitina foi dado por Odier, em 1823, quando esta foi isolada de insetos. Somente em 1843, Payen descobriu que a quitina continha nitrogênio em sua estrutura, a qual é semelhante à fibra vegetal denominada celulose. A diferença estrutural entre as duas fibras se deve aos grupos hidroxila localizados na posição 2, que na quitina foram substituídos por grupos acetamino. É a mais abundante fibra de ocorrência natural depois da celulose.

A quitina poderá substituir futuramente os produtos que empregam plásticos, pois os plásticos tem uma meia-vida muito longa (acima de 300 anos), ao contrário da quitina que é biodegradável, além de apresentar a possibilidade de ser empregado na construção civil como material de extrema resistência à pressão. Até ao momento não foi possível a síntese industrial (in vitro) somente a síntese em laboratório (in vivo).

Não deve ser confundida com a queratina, que é uma proteína.


Ligações e referências

  • Bruns, T. D., T. J. White, and J. W. Taylor. 1991. Fungal molecular systematics. Annual Review of Ecology and Systematics 22:525-564.
  • Bruns, T. D., R. Vilgalys, S. M. Barns, D. Gonzalez, D. S. Hibbett, D. J. Lane, L. Simon, S. Stickel, T. M. Szaro, W. G. Weisburg, and M. L. Sogin. 1993. Evolutionary relationships within the fungi: analysis of nuclear small subunit rRNA sequences. Molecular Phylogenetics and Evolution 1:231 241.
  • Hawksworth, D. L. 1991. The fungal dimension of biodiversity: magnitude, significance, and conservation. Mycological Research 95:641-655.
  • Hawksworth, D. L., P. M. Kirk, B. C. Sutton, and D. N. Pegler. 1995. Ainsworth and Bisby's Dictionary of the Fungi (8th Ed.). CAB International, Wallingford, United Kingdom. 616p.

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