A gravidez na adolescência é, de uma forma geral, encarada com bastante dificuldade. Dificuldade essa que passa não só pelas moças (mais até do que pelos rapazes), como pelos seus pais.
As adolescentes engravidam e isso é um fato. Só que a maioria dessas jovens raramente tem algum conhecimento do seu próprio corpo ou dos métodos anticoncepcionais. E a gravidez acontece por um descuido.
Essa questão é um desafio social e não só um problema exclusivo da adolescente que, normalmente, fica muito sozinha nesse período, pois o companheiro, também adolescente, muitas vezes se afasta; os pais, em alguns casos, culpam apenas as moças – tirando a culpa (quando se encara assim) dos rapazes. Inclusive, desde cedo, a prática sexual para os homens é reforçada: "Prenda suas cabras que o meu bode está solto". E solto, sem o risco de engravidar numa transa, a barra pesa para o lado da moça, quando aparece uma gravidez indesejada.
Uma das características dos jovens é o pensamento mágico. Como assim? É aquela sensação de que "comigo não vai acontecer" ou "quando menos esperava, aconteceu". É preciso ficar claro para todos nós que a adolescente não pode assumir o risco social de uma gravidez não pensada, planejada.
Mas com esse pensamento mágico a que me referi há pouco, ela não relaciona a atividade sexual com a possibilidade de engravidar e, por isso, na maioria dos casos, a gravidez acontece inesperadamente.
Além da falta de informação, há uma outra parcela que engravida para agredir a família ou se ver livre dos pais ou, ainda, por carência afetiva. E daí troca o "colo" pelo "dar colo"; troca a brincadeira de boneca por um brincar mais concreto: uma criança. Só que é importante deixar claro que essas jovens não têm consciência disso.
Mas quando a garota "se perde", as famílias providenciam logo, de preferência com urgência, um casamento para que tudo se resolva. E resolve. Aparentemente. Mas será que resolve situação? Será que era isso que ambos queriam? Será que eles estão felizes? Parece que isso não importa muito; ouvir o(a) filho(a) não importa muito ou não importa tanto se comparado ao que "os outros vão dizer".
Uma outra atitude que é bastante freqüente é a moça ser colocada fora de casa, como punição. E a gente sabe que algumas dessas moças, sem ter para onde ir, vão cair na prostituição.
O rapaz, em contrapartida, é valorizado. Tal como deve ser uma cultura machista como a nossa.
Com isso, é bastante comum encontrarmos rapazes que, como uma forma de defesa, duvidam dos sentimentos da garota ou mesmo que o filho seja seu: "Acho que não é meu". Ou: "Mas quem me garante, ela dava bola para todo mundo". Passada a negação, vem a fase da acusação: "Mas você dizia que tomava remédio!". Ou: "Como deixou que isso acontecesse?!".
Se esquecem que a sexualidade deve ser uma responsabilidade de ambos. Envolver-se sexualmente, além dos sentimentos ou tesão, é envolver-se com a consciência de que o ato sexual pode resultar numa gravidez. Por isso, é importante se prevenir e ter conhecimento de todas as formas de prevenção da gravidez, quando a mesma não é desejada.
O diálogo, o procurar entender o que se passa na cabeça desses jovens e a verdade de sentimentos são substituídos por agressões e acusações mútuas. No entanto, cabe a todos juntar os pedaços; é preciso apoio da família, dos amigos e professores para que eles possam se sentir inteiros.
E que possam reconstituir aquele vínculo forte que os unia antes da gravidez.
É necessário um sentimento de responsabilidade mútua para que possam receber bem o bebê. Se assim o desejarem.
Fonte: http://www.marcosribeiro.com.br/gravideza.htm
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