terça-feira, 5 de agosto de 2008

Lula gigante fotografada viva pela primeira vez


Uma lula gigante foi pela primeira vez fotografada viva, por cientistas japoneses — noticiou ontem a agência Reuters. Tsunemi Kubodera, do Museu Nacional de Ciência, e Kyoichi Mori, da Associação para a Observação de Baleias das Ilhas Ogasawara, ambos em Tóquio, são os responsáveis pelas primeiras imagens da lula gigante em plena actividade de caça, nas águas do oceano Pacífico.

Já ao largo da Madeira, em 2003, velejadores franceses que participavam no troféu Júlio Verne depararam-se com uma cena digna das "Vinte Mil Léguas Submarinas". Olivier de Kersauson, declarou na altura à BBC online ter encontrado um tentáculo, a espreitar por uma das escotilhas do navio. “Era mais grosso do que a minha perna e estava puxar o navio com força.” Uma lula gigante, com um comprimento estimado de oito metros, estava colada ao casco do navio, a bloquear o leme. Aparentemente, só queria uma boleia, porque, quando os velejadores pararam, o navio o animal foi à sua vida.

As lulas gigantes povoam o imaginário ligado aos monstros marítimos, há centenas de anos. Os poucos relatos de marinheiros e os raros exemplares que deram à costa só serviram, no entanto, para aguçar a curiosidade dos cientistas. As últimas tentativas para conhecer mais de perto a lula gigante, que pode atingir 18 metros, envolveram expedições para capturar uma em estado de larva — o que tornava o transporte bem mais fácil. O problema é que esta lula, do género "Architeuhis", que começa a vida com uns humildes centímetros, é muito parecido com as espécies de lula comum na sua fase larvar. E as condições do fundo do mar não conseguem ser recriadas com facilidade em laboratório.

Para encontrarem a lula gigante, os cientistas nipónicos seguiram o animal que tinha mais interesse em encontrá-la (à excepção dos humanos): os cachalotes. Estes mamíferos reúnem-se nas águas do Pacífico norte para fazerem um banquete de lulas, do fim do Verão até Dezembro. Mas desengane-se quem pensar que a lula gigante é uma presa fácil. Em 1965, um navio baleeiro da União Soviética assistiu a um combate de titãs, digno de um filme de ficção científica de série B, dos anos 50, entre uma lula gigante e um cachalote de 40 toneladas. No caso, nenhum venceu: a lula estrangulou a baleia, mas não antes de esta lhe ter arrancado a cabeça.

Ainda que os cientistas nipónicos não tenham presenciado uma cena de acção comparável, conseguiram algo que até agora parecia impossível. Com isco, atraíram os apetites de um exemplar de oito metros e, com uma câmara remota, documentaram todo o comportamento de caça da lula gigante. No artigo que publicam hoje na revista britânica "Proceedings B", da Royal Society, os cientistas referem o comprimento de dois dos tentáculos da lula, que perfazem dois terços do comprimento das lulas mortas encontradas até agora.

Nas fotografias, a lula gigante mostra que não são só para fazer vista. Graças a eles, enrodilha a presa e a puxa para o alcance dos tentáculos mais curtos.As imagens foram captadas a 900 metros de profundidade e talvez não façam justiça ao tamanho do animal. Mas para pôr o tamanho em perspectiva, recorde-se que cada olho tem cerca de 25 centímetros de diâmetro. São os maiores do reino animal.

Talvez não seja fácil sentir simpatia por uma animal que, se tiver oportunidade, afoga baleias bebé, como disseram ter visto dois faroleiros na África do Sul, em 1966. Mas todos os marinheiros que foram alvo de chacota, ao contarem a sua história, estão agora vingados.

fonte: PUBLICO

Encontrei no blog Cantinho do mundo

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